Não caia na própria armadilha
Por Kika Meirelles

Tenho um amigo que adora ler revistas femininas para entender o que se passa na cabeça das mulheres. Ou melhor, adorava. Dia desses ele me disse que desistira da estratégia. Por quê? "Cumpri todos os mandamentos das reportagens e mesmo assim não consegui a garota que queria", disse, com cara de quem teve o doce roubado. O problema é que ele fez tudo ao mesmo tempo. Para conquistar sua presa, abriu uma garrafa de champanhe, acendeu velas, espalhou almofadas pelo chão.
É verdade que a moça, surpresa ao ver toda aquela produção, chegou a balançar. Porém, quando ele avisou que iria buscar óleos aromáticos para fazer uma massagem, a garota levantou-se correndo. Falou que tinha de acordar cedo no dia seguinte e blá-blá-blá... Nunca mais retornou suas ligações.
Sabe qual foi o erro dele? Deixou o encontro com cheiro de armadilha. Preparou um cenário que o transformou numa espécie de conquistador profissional. E a moça, que fora ao encontro inconscientemente preparada para o melhor, desanimou. Não há mulher que goste da sensação de que o roteiro está pronto e o "diretor" vai comandar o espetáculo. Na nossa fantasia, cabe a nós, mulheres, decidir se e quando o Patologia vai rolar. Jamais se esqueça de que uma das nossas palavras favoritas é "talvez".
Meu amigo estava tão preocupado em seguir seu manual de instruções que se esqueceu de fazer o que realmente teria conquistado a moça. Mesmo não sendo sua intenção, agiu como se fosse um profissional. Frio e sem criatividade. Ele não a olhou como se ela fosse a única do mundo. Não sussurrou palavras indecentes no seu ouvido. Não beijou sua nuca até as pernas dela fraquejarem. Não esperou que ela estivesse completamente entregue para só então apertar suas coxas com força. Tudo isso teria sido mais espontâneo, mais gostoso e muito, muito mais eficiente.
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